A escrita e a leitura são tarefas fundamentais na vida atual do ser humano. Sem elas o homem deixa de se comunicar de maneira adequada e eficiente com seus semelhantes se tornando assim, um ser alienado em relação ao mundo e as diversas relações sociais. A literatura tem o poder de ampliar e diversificar nossas visões e interpretações sobre o mundo que nos cerca e da vida como um todo. Portanto, sem o domínio da prática da leitura e escrita os indivíduos se tornam inábeis para diversas tarefas quotidianas e, consequentemente, excluídos de muitos acontecimentos onde haja a necessidade de usar tais ferramentas.
A prática eficiente de leitura nos dá o passaporte para interagir com o texto lido indo além da mera decodificação de signos gráficos para adentrar no fabuloso universo dos significantes e significados. Esta habilidade nos favorece a interpretação e a imaginação sobre tudo o que é construído em um bom texto seja ele um romance, uma crônica, um poema, manifesto, jornal, gibi, história infantil, etc. Enfim, o domínio de habilidades de leitura e escrita nos faz mergulhar no mundo da fantasia e da realidade encontrada no mundo das palavras.
O letramento, portanto, tem a ver com esta idéia - ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita a fim de adquirir a condição de apropriar-se dela e torná-la "própria", ou seja, é assumi-la como sua "propriedade".
Todavia, há grande diferença entre alfabetização e letramento, entre ser alfabetizado e ser letrado. Um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado. Ser alfabetizado quer dizer sabe ler e escrever. Já estar letrado pressupõe a idéia de que o indivíduo vive em estado de letramento, ou seja, ele não apenas sabe ler e escrever, mas principalmente usa socialmente a leitura e a escrita, pratica a leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de leitura e de escrita.
Letrar é bem mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do indivíduo. É importante saber distinguir alfabetização e letramento, entre aprender o código e ter a habilidade de usá-lo. É fundamental também entender que eles são indissociáveis, mas têm as suas especificidades, sem hierarquia ou cronologia: pode-se letrar antes de alfabetizar ou o contrário. Já não basta aprender a ler e escrever, é necessário mais que isso para ir além da alfabetização funcional (denominação dada às pessoas que foram alfabetizadas, mas não sabem fazer uso da leitura e da escrita). A entrada da pessoa no mundo da escrita se dá pela aprendizagem de toda a complexa tecnologia envolvida no aprendizado do ato de ler e escrever.
"O ato de ler e escrever deve começar a partir de uma compreensão muito abrangente do ato de ler o mundo, coisa que os seres humanos fazem antes de ler a palavra. Até mesmo historicamente, os seres humanos primeiro mudaram o mundo, depois revelaram o mundo e a seguir escreveram as palavras". (Magda Soares)
Podemos afirmar que o letramento pressupõe práticas de leitura e escrita que circulam na sociedade em que vivem. Atividades como ler jornais, revistas, livros, saber ler e interpretar tabelas, quadros, formulários, instruções, contas de água, luz, telefone, saber escrever cartas, bilhetes, emails, etc. atribui sentido ao ato de ler e escrever. A alfabetização e o letramento se somam, são complementos. Enquanto que "alfabetizar significa orientar a criança para o domínio da tecnologia da escrita, letrar significa levá-la ao exercício das práticas sociais de leitura e de escrita". (Magda Soares)
Boas práticas para o trabalho de alfabetização e letramento buscam sempre mediar a construção do conhecimento de indivíduos com a oferta de oportunidades reais de reflexão sobre o funcionamento grafo-fônico e ortográfico da língua escrita, possibilitando assim que os mesmos compreendam que escrever significa registrar o pensamento no papel e poder comunicá-lo também desta forma a outro indivíduo.
Tais ações ampliam as capacidades lingüísticas e cognitivas do sujeito que passa a ser considerado letrado. É, portanto importantes ter em sala de aula, portadores de textos de gêneros variados buscando ampliar os antigos conteúdos da alfabetização. O trabalho com textos diversos – notícias, receitas, convites, manuais, etc., a contação de histórias, as cantigas populares, as poesias, a produção de textos orais e escritos dentro de situações da vida real são ações cotidianas que levam ao processo eficiente de letramento e alfabetização. O trabalho sistematizado e sério do professor com foco em práticas de leitura e escrita prima também pelo compromisso com a aprendizagem de todos os alunos. O uso de projetos didáticos, atividades permanentes e sequências didáticas em sua rotina organizam o trabalho a fim de facilitá-lo e permitir haver uma avaliação mais clara e objetiva dos resultados. Promover na sala de aula um ambiente alfabetizador com estímulos diversos à leitura contextualizados que consideram a realidade do aluno são ferramentas também importantes, visto que a sociedade é letrada e que, portanto, o indivíduo não chega à escola vazio destes conhecimentos. Estar sempre atualizado sobre os conhecimentos e tecnologias disponíveis para a realização de um trabalho eficiente são fatores que promovem, na prática, um bom trabalho de letramento e alfabetização.
escrito por: ana paula de lima leão
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