segunda-feira, 21 de março de 2011



Quando levantamos os problemas que nos afligem na sala de aula, muitas vezes achamos que apenas nós enfrentamos tais coisas.

O fato é que, não apenas na sua Escola, mas em muitas escolas do Brasil as questões que atrapalham o trabalho do Professor na sala de aula, também são compartilhados por outros Professores.
Em pesquisa recente perguntamos, dentre outras coisas:
O que toma mais seu tempo na sala de aula? As respostas foram:



43% ter de chamar atenção dos alunos a toda hora
38% correção de tarefas/trabalhos/lição de casa
19% ter de parar a aula para resolver conflitos envolvendo alunos



Ter de chamar a atenção dos alunos a toda hora:



O motivo principal que ocasiona o Professor ter de chamar a atenção dos alunos a toda hora, é porque o aluno não está envolvido na execução da tarefa, e quando isto ocorre o aluno encontra outras maneiras de usar o tempo da aula, o que nem sempre agrada o Professor.
Sugestão de solução: Avalie o tipo de tarefas que você está solicitando. São tarefas monótonas? Repetitivas? Mecânicas? Sempre escritas ?
Procure diversificar as estratégias utilizando mais: exposições gráficas, musicais, teatrais, orais, debates, estudos do meio, apresentações em vídeo, fotos, criações, performances, etc.



Correção de tarefas, trabalhos e lição de casa:



Esta situação mostra falta de gerenciamento do tempo e procedimentos organizacionais da rotina da sala de aula. E quando não existe uma rotina de procedimentos, boa parte da aula é consumida com a correção das tarefas. Como resolver ?
Sugestão de solução: Envolva todos os alunos no momento da correção, e aproveite para realizar o esclarecimento de dúvidas com a revisão do conteúdo ensinado. Faça mais correção coletiva, onde todos os alunos ajudam corrigindo as próprias tarefas. Enquanto a correção ocorre no quadro negro, peça para os alunos trocarem as tarefas e um aluno faz a correção da tarefa do colega.



Ter de parar a aula para resolver conflitos envolvendo alunos:



É árduo o trabalho de um Professor, que usa parte da aula para chamar a atenção dos alunos, outra parte para realizar as correções das tarefas e entre uma coisa e outra, ter de parar a aula, propriamente dita, para resolver os conflitos envolvendo os alunos.
Sugestão de solução: Faça um levantamento dos conflitos mais comuns que ocorrem dentro e fora da sala de aula. Junto com a Coordenação debatam na próxima reunião, quais serão os critérios para resolver cada um desses conflitos mais comuns.
Depois junto com os alunos, em sala de aula, abra espaço para que eles façam sugestões de resolução de cada conflito. Pegue as sugestões dos alunos, e tente fazer um contra ponto com os procedimentos que foram definidos na Reunião com a Coordenação, e elabore uma lista e deixe visível na sala e nos corredores.
Desta forma a solução para cada caso fica mais justa e transparente. Em vários casos os próprios alunos já saberão que encaminhamento dar a questão, sem precisar que o Professor interfira a todo momento.



Avaliação diagnóstica, Formativa e Somativa



O ano letivo começou, e então você já deve estar pensando, “ começa tudo de novo, e terei os mesmos problemas que tive no ano anterior”. Bem, se essa é a sua atual visão das coisas, quero lembrar que a definição de loucura é “fazer tudo do mesmo jeito e esperar que o resultado saia diferente”. Assim sendo, se você fizer exatamente o que fez no ano passado, certamente colherá os mesmos resultados ao longo deste novo ano.

Ocorreram problemas de indisciplina ? Baixo aprendizado ? Se a resposta foi SIM para uma das perguntas ou para ambas então você precisa repensar a sua prática atual ! E a melhor maneira de fazer isso é perguntar-se: “ como os meus alunos estão chegando ? quem são eles? O que eles já sabem? O que precisam aprender ? como eles poderão aprender melhor ? “.

Lembre-se que o Planejamento não é sobre você ou suas necessidades. Quem dita o quê e o como, são os alunos. São as necessidades DELES que precisam ser atendidas. Para isso é preciso investigar e encontrar as respostas para as perguntas que foram feitas anteriormente.

A ferramenta que você usará para responder à essas perguntas é realizando a Avaliação Diagnóstica. Não importa a matéria que você leciona, ou o grau de ensino. Quer seja no Infantil, Fundamental, Médio, Técnico ou EJA, a Avaliação Diagnóstica presta-se ao mesmo objetivo: diagnosticar, verificar e levantar os pontos fracos e fortes do aluno em determinada área de conhecimento.

É importante frisar que, infelizmente, muitos Professores utilizam apenas prova escrita para a realização desta avaliação. Quando na verdade existem mil e uma maneiras de realizar este levantamento de forma que os resultados sejam mais verdadeiros que aqueles levantados em uma mera prova escrita.

Esta avaliação não se restringe apenas ao início do ano letivo, porém deve ser usada ao longo do processo de aprendizado, para isso lance mão de dinâmicas, jogos, debates, desafios, apresentações, vídeos, produções musicais, construção de maquetes, resolução de problemas, brincadeiras, criação de blogs, fórum, etc.

Quando utilizada no início do ano letivo a avaliação diagnóstica fornece dados para que o planejamento seja ajustado e contemple intervenções para retomada de conteúdos, ou realização de encaminhamentos para reforço escolar, e até mesmo para Especialistas (Psicólogo, Fonoaudiólogo, Psicopedagogo), e quando feita ao longo do ano possibilita que tanto o aluno quanto o Professor possam refletir sobre a utilização de novas estratégias de aprendizado.

Jamais os dados da avaliação devem ser usados para classificar ou rotular o aluno em “aluno bom” ou “ aluno ruim”. O Professor deve ter em mente que a avaliação oferece um momento de aprendizado para ambos, professor e aluno. Enquanto Professor é possível verificar quais estratégias estão ou não funcionando, além de ser possível constatar quais hipóteses os alunos estão levantando na internalização e construção de determinado conceito.

Já para o aluno, com o devido feedback do professor, torna possível a compreensão e mensuração do conhecimento adquirido e quais hipóteses são verdadeiras ou falsas, para que o aluno possa descartar as falsas hipóteses e fique focado naquelas que o levarão ao aprendizado do conceito estudado. O feedback do professor lança a luz, clareando os chamados “ pontos cegos” em que o aluno se encontra tornando possível, assim, o avanço para a etapa seguinte do processo.

Nesta etapa a avaliação inicialmente diagnóstica, evolui para uma avaliação formativa, onde o processo de descoberta que induz a novas elaborações de aprendizado, sempre mediadas pelo professor, é o que de fato importa e conta.

A Avaliação Formativa é o tipo de avaliação que deveria prevalecer dentro das Escolas, por ser mais justo e atender de fato às necessidades dos alunos. Infelizmente, o que vemos é o uso da avaliação somativa, cujo único objetivo é meramente alcançar determinada nota para “passar” de ano, os alunos são rotulados pelas notas que alcançam e não são auxiliados onde de fato precisam de ajuda.

Por isso, antes de chegar “ ditando” o que você irá ensinar, comece em “ perguntando” o que os alunos já sabem para levantar o que eles de fato “precisam” aprender.

Quer compartilhar ? Quer dar mais idéias sobre avaliação diagnóstica ? Então aguardo seus comentários no blog.



BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:

HOPFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-escola à Universidade. P. Alegre. Educação e Realidade. 1993.

LUCHESI, C. Verificação ou Avaliação: o que pratica a escola? A construção do projeto de ensino e avaliação, nº 8, São Paulo FDE. 1990

WERNECK, H. Se você finge que ensina, eu finjo que aprendo. Vozes.Petrópolis. 1994.